18 março 2009

Discurso do Santo Padre à chegada


Por Santo Padre Bento XVI

Diante da dor ou da violência, da pobreza ou da fome, da corrupção ou do abuso de poder, um cristão nunca pode ficar calado. A mensagem salvífica do Evangelho exige ser proclamada, com força e clareza, de tal modo que a luz de Cristo possa brilhar na escuridão da vida das pessoas. Aqui na África, como em tantas outras partes do mundo, inumeráveis homens e mulheres anseiam por ouvir uma palavra de esperança e conforto. Conflitos locais deixam milhares de desalojados e necessitados, de órfãos e viúvas. Num continente que no passado viu muitos de seus habitantes cruelmente raptados e levados para além-mar a fim de trabalhar como escravos, o tráfico de seres humanos, especialmente de inermes mulheres e crianças, tornou-se uma moderna forma de escravatura. Num tempo de global escassez alimentar, de confusão financeira, de modelos causadores de alterações climáticas, a África sofre desconformemente: um número crescente de seus habitantes acaba prisioneiro da fome, da pobreza e da doença. Estes clamam por reconciliação, justiça e paz; e isto é precisamente o que a Igreja lhes oferece. Não novas formas de opressão económica ou política, mas a liberdade gloriosa dos filhos de Deus (cf. Rom 8, 21). Não a imposição de modelos cultuais que ignoram o direitos à vida dos nascituros, mas a pura água salvífica do Evangelho da vida. Não amargas rivalidades inter-étnicas ou inter-religiosas, mas a rectidão, a paz e a alegria do Reino de Deus, descrito de modo muito apropriado pelo Papa Paulo VI como «civilização do amor» (cf. Alocução ao Regina caeli, Pentecostes de 1970)

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