27 fevereiro 2009
Regresso a casa
26 fevereiro 2009
Jope
Actualmente, é uma cidade pequena, à beira mar, onde existe uma lindissima Igreja dedicada a S. Pedro. Ao lado da Igreja fica um convento franciscano, onde fica situada também a Nunciatura da Santa Sé junto do estado de Israel.
Emaús
Depois de mais umas fotos, entramos no autocarro. O destino é Nicopolis, local onde, segundo a tradição, se situava Emaús. Celebramos a Santa Missa ao ar livre, nas ruínas de uma antiga Basílica do tempo dos cruzados.
25 fevereiro 2009
Piscinas probáticas
Segundo uma das muitas tradições, S. Joaquim e S. Ana morariam em Jerusalém e aquele seria o local onde teria nascido Nossa Senhora.
Mesmo ao lado, encontramos as piscinas probáticas, local onde Jesus curou um paralítico.
Via dolorosa
Chegamos ao Calvário, local onde Jesus morreu. Depois da visita ao sítio onde Jesus foi sepultado (e local da ressurreição), celebramos a Santa Missa.
Via dolorosa
Pela frente temos a visita à via dolorosa, ao Calvário e ao Santo Sepulcro.
Todos estamos bem, e, até ao momento, ninguém se perdeu.
S. João Baptista
Foi ali que se deu a visita de Nossa Senhora à sua prima. Estivemos na Igreja da Visitação, que fica numa encosta. À porta da Igreja, numa parede, encontra-se o texto do Magnificat em várias línguas, português incluído.
Descemos, depois, e dirigimo-nos ao local do nascimento de S. João Baptista, que se encontra, actualmente, no interior de uma bonita Igreja.
24 fevereiro 2009
Museu do Livro
A seguir ao almoço, visitamos o Museu do Livro, que é o local onde estão guardados os pergaminhos e outros artefactos que foram encontrados em Qumram.
À entrada deste museu, encontra-se uma grande maquette com uma representação da cidade de Jerusalém tal como era no tempo de Jesus.
S. Pedro in Gallicanto
Actualmente, uma moderna Igreja, construída por uma Congregação Religiosa francesa, ergue-se naquele local. No interior da Igreja, encontramos mosaicos que representam essa cena do Evangelho.
Getsémani
Neste local, Jesus entra em agonia.
Ao lado do Getsémani, fica a Gruta do Tumulo de MAria, local onde, segundo a tradição esteve o corpo de Nossa Senhora. Quando, mais tarde, quiseram transladar o corpo de Nossa Senhora para Constantinopola, encontraram o tumulo vazio.
Monte das Oliveiras
Dirigimo-nos ao Monte das Oliveiras. Visitamos, em primeiro lugar, o local onde, segundo a tradição, Jesus subiu ao Céu. No local encontramos um pequeno edifício, actualmente properiedade de uma família muçulmana, onde se encontra o local da Ascenção.
Em seguida, visitamos a Igreja do Pai Nosso. Segundo a tradição, aquele era o local onde Jesus se reunia mais frequentemente com os seus discípulos. Pode ver-se uma gruta que seria o local das reuniões dos Apóstolos com o Mestre. Ali, teria Jesus ensinado o Pai Nosso aos discípulos. No local, que actualmente é propriedade de carmelitas frrancesas, há vários muros onde se encontram versões do Pai Nosso em muitas línguas.
Descemos o Monte das Oliveiras, e visitamos o Santuário Dominus flevit. Segundo a tradição, é o local onde Jesus chorou sobre a cidade de Jerusalém depois da sua entrada triunfal na Cidade Santa (Lc 19, 41). A Capela, da qual se tem uma magnífica vista sobre a Cidade, tem a gorma arquitetónica de uma gota.
23 fevereiro 2009
Belém
Para entrarmos em Belém, temos que passar o muro que Israel levantou a circundar o território controlado pelos judeus.
Já em Belém, é tempo de almoço e de compras. Da parte da tarde, fazemos uma visita ao local onde os Anjos anunciaram o nascimento de Jesus aos Pastores. No Campo dos Pastores encontramos uma gruta que se conserva como no tempo de Jesus. Ao lado da gruta, está uma Igreja construída com ofertas vindas do Canadá.
Subimos depois para a Basílica da Natividade. Começamos por visitar a gruta onde, segundo a tradição, nasceu Jesus. No local do nascimento, encontramos uma estrela. Um pouco ao lado, o local da manjedoura. É uma visita que a todos toca.
Por cima da gruta, está construída a Basílica da Natividade que, actualmente pertence a Gregos e Arménios. Ao lado, encontra-se uma Igreja Católico-Romana, dedicada a S. Catarina de Alexandria. Aí celebramos a Santa Missa, presidida pelo Sr. Pe. Álvaro Diogo.
No final da Santa Missa, regressamos ao hotel para descansar.
Segundo explicou o guia, a imensa esplanada era o espaço que o templo que Herodes mandou construir um pouco antes de Jesus nascer.
Neste momento, naquela esplanada estão construídas duas mesquitas: a mesquita dourada e outra.
Depois fomos ao Muro das lamentações, local onde os judeus fazem as suas orações por ser o único muro da parte externa do Templo de Herodes que se mantém de pé.
Saindo, subimos ao Monte Sião. Visitámos a Igreja da Dormição de Nossa Senhora. Fomos, em seguida, ao local que está construído sobre onde era o Cenáculo, onde Jesus celebrou a última Ceia com os discípulos e onde os Apóstolos receberam o Espírito Santo.
Neste momento, vamos em direcção a Belém.
A Cidade Santa
Amanhecer
Da parte da tarde, está previsto irmos a Belém.
Está um dia de sol, mas há previsão de chuva e frio ao longo do dia.
Subida para Jerusalém
Ao chegarmos à cidade, subimos à Universidade Hebraica, a partir da qual se pode contemplar toda a cidade. O nosso guia distribuiu uns pequenos cálices de madeira e, com vinho do porto, fez-se um brinde.
A Cidade Santa é extraordinariamente bela. Está situada ao longo de várias colinas. Infelizmente, pouco depois de chegarmos, começou a chover, pelo que tivemos que recolher ao autocarro e dirigir-nos para o Hotel Shalom, onde estamos alojados.
22 fevereiro 2009
Qumran
Estamos a cerca de 200 metros abaixo do nível do mar.
Qumram é um impressionante complexo arqueológico. Ali se encontraram os vestígios de uma comunidade judaica (os essénios) e também se encontraram muitos manuscritos de textos da Sagrada Escritura e outros.
Agora subimos para Jerusalém, onde ficaremos alojados o resto da viagem.
Monte Tabor
No Santuário da Transfiguração, celebramos a Santa Missa. O Santuário, construído na década de 20 do século passado, é uma construção sóbria, mas muito elegante.
O autocarro deixou-nos ainda longe do cume do monte. A parte final do percurso foi feita em carrinhas mais pequenas, pois o autocarro não consegue chegar ao cimo.
Neste momento, dirigimo-nos para o Mar Morto.
Caná da Galileia
Saímos de Nazaré e a primeira paragem foi em Caná da Galileia. Estivemos na Igreja que comemora o primeiro milagre de Nosso Senhor. Como ainda é cedo, ninguém teve vontade de provar o vinho de Caná.
Seguimos viagem em direcção ao Monte Tabor.
Nazaré, Basilica da Natividade
No tempo de Jesus, Nazaré não devia ter mais do que 300 habitantes. Sobre essa zona, foi construído um complexo de edifícios, que são cuidados pelos frades franciscanos. No centro desse complexo, destaca-se a Basílica da Natividade.
À porta da Basílica, cantamos uma Salve Regina. Là dentro, por trás do altar, encontramos uma gruta, que é o local onde o Arcanjo S. Miguel apareceu a Maria. Aí rezamos o Ângelus.
Depois, visitámos a parte superior da Basílica, onde encontramos também uma imagem de N. S. de Fátima.
Saindo da Basílica, fomos visitar a Igreja de S. José, construída sobre o local onde, segundo a tradição, viveu a Sagrada Família depois de regressar do Egipto.
21 fevereiro 2009
Rio Jordão
Apesar da chuva que caía, muitas pessoas acercaram-se do rio para tocarem na àgua.
A tempestade no mar
O início do passeio até correu bem. De repente, o céu ficou encoberto e começou a chover torrencialmente. A cobertura do barco de pouco serviu e, em pouco tempo, ficámos todos molhados.
Apesar disso, a boa disposição não nos abandonou nem ninguém caiu ao mar.
De momento, estamos a almoçar.
Ermida do primado de Pedro
O local é simples e fica ao lado de uma praia de pedras.
Cafarnaum
Actualmente, só se conservam as ruínas do local onde Jesus estabeleceu a sua morada.
Na sinagoga onde tantas vezes Jesus pregou, ainda se podem observar os alicerces do edifício original.
Perto da sinagoga, vimos as ruínas daquela que era a casa de S. Pedro, onde Jesus curou a sogra do Apóstolo.
Mosteiro da multiplicação dos pães
No local onde, segundo a tradição, Jesus realizou o milagre da multiplicação dos pães, ergue-se actualmente um Mosteiro beneditino, sóbrio, mas muito elegante. Por baixo do altar principal, está uma pedra e, no mosaico, no chão, à frente do altar, estão representados 4 pães e 2 peixes.
No mosaico só estão representados 4 pães porque Jesus é o Pão da vida.
Este Mosteiro foi construído sobre as ruínas de uma Igreja do séc. IV
Bem aventurados sois vós...
O monte das Bem-aventuranças
Este grande lago fica 200 metros abaixo do nivel do mar. Ao lado, várias colinas. Numa delas, proferiu Jesus o sermão da montanha. Aqui vamos celebrar a Santa Missa, num convento de irmãs franciscanas, datado de 1940, que tem uma paisagem fabulosa para o mar da Galileia.
Mosteiro do Sermão da Montanha
Mar da Galileia
A caminho do mar da Galileia
Nazaré, onde dormimos, é, hoje, uma cidade bastante grande. É também uma cidade maioritariamente muçulmana pois os cristão são apenas cerca de 40% da população. No entanto, mesmo assim, em Nazaré está a comunidade cristã mais numerosa de Israel.
Nazaré fica situada no alto de uma colina. A seus pés estende-se um longo vale que, neste momento, estamos a descer para nos dirigirmos ao mar da Galileia.
Todos estamos muito melhor depois desta noite de descanso. Ao pequeno almoço não havia leite quente nem pão fresco porque, como é sábado, há alimentos que os judeus não disponibilizam.
20 fevereiro 2009
Chegada a Nazaré
Apesar do cansaço, a boa disposição foi uma constante ao longo do dia. Daqui a pouco temos direito ao jantar e, depois, o descanso. Amanhã o dia começa cedo.
Monte Carmelo - Haifa
Acabámos de celebrar a Santa Missa no Monte Carmelo.
A vida do profeta Elias, a espiritualidade profundamente mariana e genuinamente cristológica do local envolve-nos nos braços de Nossa Senhora do Carmo. Por baixo do altar mor da Igreja, conserva-se a gruta na qual o profeta Elias procurava a solidão para melhor adorar a Deus.
O santuário Stella Maris fica situado no alto da colina. A seus pés estende-se, majestoso, o Mediterrâneo. A Igreja, que possui uma abóbada central, colorida de frescos, é lindissima.
A Santa Missa, presidida pelo Sr. Pe. Nuno Amador, da Diocese de Viseu, foi o centro deste dia que nos leva a pisar os locais por onde Jesus passou.
Na memória, os tantos milagres que Nossa Senhora continua a fazer através do seu escapulário entregue a S. Simão Stock. E o agradecimento sincero de tantas conversões.
Numa das Capelas laterais, está uma placa a recordar a vida de Edith Stein, mais tarde Santa Maria Benedita da Cruz, que é uma das padroeiras da Europa.
Seguimos viagem para S. João de Acre, uma das principais fortalezas dos cruzados durante a Idade Média.
Ainda é de dia e o sol resolveu aparecer.
Todos se encontram bem e com saúde.
Haifa
A vista, no alto do Monte Carmelo, sobre a cidade de Haifa e sobre S. João de Acre e o Mediterrâneo é fabulosa.
Seguimos para a Santa Missa, no convento ''Stella Maris'' da Venerável Ordem do Carmelo.
Vista de Haifa para o mar
Haifa, templo Ba'hai
Cesareia Marítima
Telavive - Cesareia Marítima
Hoje de manhã, no percurso entre o aeroporto e o hotel em Telavive, o guia ofereceu uma flor a cada um dos participantes na peregrinação. Um gesto de boas vindas, explicou o guia.
Uns mais, outros menos, todos conseguiram descansar alguma coisa durante a manhã.
Partimos de autocarro em direcção ao norte, com destino a Cesareia Marítima.
Terra Santa
Chegámos à Terra Santa.
A viagem de avião desde Madrid decorreu sem problemas e ninguém ficou sem malas.
À nossa espera estava um guia, que fala um português com pronuncia brasileira.
A partir do aeroporto, saímos de autocarro em direcção ao hotel, onde descansaremos algumas horas. O programa de hoje inclui visita a Cesareia Marítima, almoço na cidade de Haifa e visita ao Monte Carmelo onde celebraremos a Santa Missa. Iremos dormir a Nazaré.
O tempo está ameno, mas com previsões de chuva nos próximos dias e neve nas serras acima dos 600 metros.
19 fevereiro 2009
Madrid - Telavive
Neste momento estamos a embarcar para Telavive. Espera-nos uma viagem de 4 horas.
Chegada a Madrid
Agora esperam-nos 4 horas de espera até ao vôo que nos levará a Telavive.
Peregrinação à Terra Santa
A partida para a maioria foi hoje de manhã, de Viseu, em autocarro até ao aeroporto de Lisboa. Pelo caminho, uma breve paragem em Fátima para almoçar.
Neste momento, estamos a embarcar rumo a Madrid. Até agora, ninguém se perdeu e a boa disposição tem sido uma constante.
Procurarei ir dando notícias, a pensar sobretudo nos familiares e amigos daqueles que estamos, neste momento, a partir.
A todos levamos no pensamento e nas nossas orações.
13 fevereiro 2009
O Papa e o Holocausto

Por Nuno Rogeiro
"Falar neste lugar de horror, neste sítio onde se cometeram crimes indizíveis contra Deus e contra o Homem, é quase impossível. E é especialmente difícil e perturbante para um cristão, ainda mais Papa vindo da Alemanha".
Pouco mais de um ano depois do fumo branco que, em Roma, o anunciara nas sandálias de Pedro, o sucessor de João Paulo II falava assim, de mãos e rosto cerrados, no campo de concentração de Auschwitz-Birkenau.
Bento XVI foi sempre claro sobre o assunto do genocídio. Referiu, no seu profundo discurso de Auschwitz, a intenção nazi de, ao exterminar os judeus, eliminar a origem do monoteísmo, e recriar o mundo, numa paródia demoníaca da religião. Encimou o preito de dor com uma reflexão pessoal: "isto não nos produz ódio; mostra-nos antes o terrível efeito do ódio".
Parece, pelo menos, injusto, alegar agora, a propósito de declarações soltas de prelados imprudentes, que o Vaticano mudou. E que mudou, sobretudo, de posição face à destruição sistemática de inocentes e civis, em nome da raça, ou de uma ideia política. Como aconteceu nos consulados totalitários, "comunistas" ou "nacionalistas", a Leste e Oeste, na Europa ou na Ásia, na África ou algures, durante o século XX.
A polémica, que recorda a peça de teatro de Rolf Hochtruth, "O representante", de 1963, coloca outra vez em primeiro plano a atitude do Vaticano face ao Holocausto da Segunda Guerra Mundial.
Foi nessa altura que se criou a imagem de um Pio XII silencioso, senão cúmplice, com o extermínio de milhões. Mas personalidades esclarecidas, como o jesuíta Robert Graham, entre muitos outros, há vários anos que restauraram o equilíbrio na revisitação histórica.
Não se pode esquecer, na verdade, o enorme esforço de resgate, salvamento, intercessão ou protecção de judeus, um pouco por toda a Europa, por obra da igreja católica. Não se pode esquecer a rede do Padre Weber e do cardeal Pacelli, a actividade da Organização S. Rafael, a intervenção junto da Eslováquia, em 1941, contra a aprovação do "Código Judeu". Nem a actividade do bispo Preysing, em Berlim, de monsenhor Rotta, na Hungria, de Monsenhor Cassulo, na Roménia.
Não se pode esquecer a pastoral corajosa do arcebispo Saliege, de Toulouse, em 1942, denunciando "os factos terríveis" nos campos de Noe e Recebedom, afirmando que "os judeus são nossos irmãos".
Não se pode esquecer o arriscado apoio do Vaticano à organização judaica DELASEM, de Génova. Não se pode esquecer a Encíclica Summi Pontificatus, de 1939, poderosa denúncia das doutrinas de "pureza rácica".
Não se pode esquecer que, onde pôde mudar as coisas, ou influenciá-las, o Vaticano sempre falou. E que, onde se calou (como o fez o Comité da Cruz Vermelha, ou o Conselho Mundial das Igrejas), executou muitas vezes custosas e arriscadas operações, clandestinas, de auxílio e transporte.
Não se pode esquecer, por fim, que uma coisa é a denúncia antes da guerra (quantos o fizeram?), e outra é falar sobre a ocupação, onde o que importa é resgatar vidas, e não pregar sermões exemplares, que, como na Holanda, só aumentaram a repressão.
Não se pode esquecer, ainda, que pelo menos 3000 padres católicos foram executados pelo Reich, só na área do agora Benelux.
E não se pode esquecer que, numa altura de trevas, em que a intolerância surge até das dificuldades da "luta contra o terrorismo", tem sido a Santa Sé uma das vozes qualificadas, em nome da decência e da Humanidade.
Contra todos os holocaustos, alertando antes.
Para que não se repitam.
In JN, 2009.02.06
12 fevereiro 2009
Casar ou juntar-se?

Perguntei-lhes se alguma vez tinham pensado em casar-se. Olharam para mim admirados. Então ele, com um sorriso de quem perdoa uma pergunta tão ingénua, tomou a iniciativa de responder. «Casar-se? Para quê? Já nos amamos e isso é o importante. Que sentido tem uma cerimónia exterior que não acrescentará nada ao nosso amor? Queremos um amor genuíno! Queremos um amor livre! Queremos um amor sem nenhum tipo de coacção! Este modo de actuar parece-nos muito mais sincero. Não necessitamos de nenhum tipo de ataduras. Ataduras que cortariam as asas da nossa liberdade». Ela concordava com a cabeça. Todo o raciocínio do namorado parecia lógico. Estava de acordo com ele. Não havia fissuras na sua argumentação.
À primeira vista, parece que o casamento significa uma perda de liberdade. Se uma pessoa decide casar-se, perde a capacidade de voltar a fazê-lo no futuro. Se a liberdade se entende somente como capacidade de escolha, sem dúvida que o casamento significa a perda dessa capacidade. Mas será que a liberdade é somente isso?
Hoje em dia, o casamento é muitas vezes visto como uma realidade oficial, formal e sem muito valor. Um convencionalismo antiquado. Uma instituição que “acorrenta” com elementos objectivos e escravizantes uma relação subjectiva e livre. A liberdade fica “atada”. A liberdade fica “obrigada” no futuro. Não parece sensato introduzir elementos “coactivos” numa relação livre. Introduzir elementos objectivos numa relação subjectiva.
É uma visão simplista. Assim como a noz não é somente a sua casca, o casamento não é somente a sua cerimónia exterior. O casamento é um vínculo que se cria a partir da livre vontade daqueles que se casam. O “sim” que pronunciam transforma-os. É um “sim” que compromete. A partir desse “sim”, o futuro fica determinado pelo “tu”. Quem ama de verdade não deseja ser nem viver sem aquele que ama. Não deseja um futuro sem o outro. Seria um futuro sem sentido. Sem sentido também para a liberdade do “eu”.
Quem ama de verdade deseja a fusão. Deseja um “nós” em lugar do “eu” e do “tu”. Deseja o compromisso que é o que dá origem ao “nós”. Um compromisso que não somente não tira a liberdade, mas liberta. Liberta o “nós” dos perigos do egoísmo e do orgulho. A eternidade no amor não pode vir da mera atracção mútua. Nem do simples enamoramento afectivo. Nem dos sentimentos românticos, por muito sinceros que eles sejam. A eternidade no amor só pode vir da liberdade que não teme comprometer-se sem condições.
Por isso, “juntar-se” não é a mesma coisa que casar-se. “Juntar-se” não muda o “eu”. Só muda as circunstâncias em que o “eu” vive. Pelo contrário, casar-se (comprometer-se de verdade), transforma o “eu”. Surge o “nós”. Um “nós” que será capaz de gerar vida e que cuidará dessa vida. Um “nós” que resistirá às intempéries, porque está protegido pela liberdade responsável daqueles que se amam de verdade.
Pe. Rodrigo Lynce de Faria